Causalidade natural e espontaneidade em Aristóteles

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i1.1342

Palavras-chave:

Causa natural; Causa espontânea; Matéria; Forma; Teleologia; Aristóteles.

Resumo

Em Aristóteles, o processo de constituição dos seres naturais envolve um conjunto de causas, delimitadas de acordo com a teoria da matéria e forma. A matéria é causa enquanto suporte composicional pelo qual os seres são gerados; e a forma é causa enquanto fator responsável pelas características essenciais do ente natural, bem como por originar uma série de movimentos coordenados, que irá resultar na composição substancial. Neste artigo, pretento, em um primeiro momento, argumenar no sentido de que entre os dois tipos de causalidades fundamentais, isto é, por um lado, (i) aquele associado à natureza material, e, por outro, (ii) à natureza formal, haveria uma primazia explanatória relativamente ao segundo, pois em uma explicação mais completa, envolvendo  esses  dois  aspectos  causais,  a  causalidade  material  seria subordinada e subsumida pela causalidade em termos formal-finais. Em um segundo momento, procurarei estabelecer um contraste entre as causas naturais e a causa espontânea, examinando aos casos nos quais as relações causais não ocorrem devido a uma determinação teleológica, mas por uma mera conjunção de fatores concomitantes. A geração espontânea é um exemplo de eventos como este, pois, neste caso, a constituição do organismo não seria presidida por uma causalidade de tipo formal-final, a qual administrasse um conjunto de séries causais, interdependentemente relacionadas entre si.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Romão de Carvalho, Universidade de São Paulo (USP)

Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo – SP, Brasil.

Referências

ANGIONI, Lucas. Física I-II. Campinas: Ed. Unicamp, 2009.

ANGIONI, Lucas. “As quatro causas na filosofia da natureza de Aristóteles”, in Anais de Filosofia Clássica, vol. V, nº 10, 2011, pp. 1-19.

ARISTÓTELES. Aristotelis Opera. BEKKER, I. (ed.). Academia Regia Borussica, Vols. I-II, Berlim, 1831.

ARISTÓTELES. The Metaphysics, Books I-IX. Trad.: Hugh Tredennick, London: The Loeb Classical Library, 1947.

ARISTÓTELES. Generation of Animals. Trad.: A. L. Peck, London: The Loeb Classical Library, 1953.

ARISTÓTELES. On the Soul;ParvaNaturalia, On Breath. Trad.: de W. S. Hett,London, The Loeb Classical Library, 1957.

ARISTÓTELES. Parts of Animals; Movement of Animals; Progression of Animals. Trad.: A. L. Peck, London: The Loeb Classical Library, 1961.

ARISTÓTELES. Reproduccíon de los Animales. Trad. e notas de E. Sánchez,Madri: Biblioteca ClásicaGredos, 1994.

ARISTÓTELES. Acerca del Cielo; Meteorológicos. Trad. e notas de M. Candel,Madri, Biblioteca Clásica Gredos, 1996.

ARISTÓTELES. As Partes dos Animais, Livro I. Trad. e comentários de L. Angioni,Cadernos de História e Filosofia da Ciência, 9 (3) (n. especial), 1999.

ARISTÓTELES. Partes de los animales; marcha de los animales; movimiento de los animales. Trad. e notas E. J. Sánchez-Escariche e A. A. Miguel, Madri: Biblioteca ClásicaGredos, 2000.

ARISTÓTELES. Física. Trad. e notas de G. R. de Echandía, Madri: Biblioteca ClásicaGredos, 2002.

ARISTÓTELES. Acerca del Alma. Trad. e notas de T. C. Martínez, Madri: Biblioteca ClásicaGredos, 2003.

ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. e notas de T. C. Martínez, Madri: Biblioteca ClásicaGredos, 2006.

ARISTÓTELES. Física I-II. Trad. e comentários de L. Angioni,Campinas: Ed. Unicamp, 2009.

COHEN, Sheldon M. Aristotle on Nature and Incomplete Substance. NY: Cambridge University Press, 1996.

COOPER, John M. “Hypothetical necessity and natural teleology”, in A. Gotthelf e Lennox, J. (eds.), Philosophical Issues in Aristotle’s Biology. Cambridge: Cambridge University Press, 1987, pp. 243-274.

FURLEY, David. “The Rainfall Example in Physics II 8”, in A. Gotthelf (ed.), Aristotle on Nature an Living Things. Pittsburgh, Brsitol: Mathesis publications, 1985, pp. 177-82.

JOHNSON, Monte R. Aristotle on Teleology. Oxford: Oxford University Press, 2005.

KULLMANN, Wofgang. “Differents Conceptions of the Final Cause in Aristotle”, in A. Gotthelf (ed.), Aristotle on Nature and Living Things. Pittsburgh, Bristol: Mathesis publications, 1985, pp. 169-175.

LENNOX, James G. “Material and Formal Natures in Aristotle’s De Partibus Animalium”, in Aristotle’s Philosophy of Biology. Cambridge: Cambridge University Press, 2001a, pp. 182-204.

LENNOX, James G. “Teleology, Chance, and Aristotle‟s Theory of Spontaneous Generation”, in Aristotle’s Philosophy of Biology. Cambridge: Cambridge University Press, 2001b, pp. 229-249.

NUSSBAUM, Martha C. “Aristotle on Teleological Explanation”, in Aristotle’s De Motu Animalium. Princeton University Press, 1978, pp. 59-106.

PELLLEGRIN, P. Aristote: Physique - II, Éditions Nathan, Paris, 1993.

PUTNAM, Hilary. “Philosophy and Our Mental Life”, in Philosophical Papers, Volume 2: Mind, Language and Reality, Cambridge University Press, 1975.

SEDLEY, David. “Is Aristotle‟s teleology anthropocentric?”, in Phronesis 36, 1991. 179-96.

TAYLOR, Charles. “The Explanation of Purposive Behavior”, in Explanation in the Behavioral Sciences, ed. R. Borger and F. Cioffi, Cambridge University Press, 1970.

Downloads

Publicado

2020-02-12

Como Citar

DE CARVALHO, Rodrigo Romão. Causalidade natural e espontaneidade em Aristóteles. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 20, n. 1, p. 204–216, 2020. DOI: 10.31977/grirfi.v20i1.1342. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/1342. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos