Butler leitora de Beauvoir: o gênero como ato performativo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v20i3.1835

Palavras-chave:

Beauvoir; Butler; Gênero; Atos Performativos.

Resumo

Entre Beauvoir e Butler, questionaremos se o tornar-se mulher instaura a distinção entre sexo e gênero, convertendo-se num modo de aculturação que, aquém dos diferenciais anatômicos, designa uma performance em transformação. De Beauvoir, veremos: situada, a subjetividade se estabelece entre a civilização e as relações intercorpóreas. Assinalando a mulher como o segundo sexo, Beauvoir ratifica a ambiguidade como fator humano, tecendo reflexões à liberdade, opressão, reconhecimento e condição feminina. Disto, é interpelando Beauvoir que Butler interroga os gêneros. Rastreando no tornar-se mulher o uso incipiente do gênero, Butler sugere revisões às noções fenomenológicas de sujeito, corporeidade, situação e diferença sexual. Fomenta uma concepção performática onde o gênero é um constante devir. Descreve como se constituem os gêneros, considerando que não existem gêneros ideais. Assim, tornar-se gênero significa que, enquanto corpo, o dramatizamos e estilizamos. Crítica, esta performance personifica um modo de agir onde repetição, inovação, necessidade e contingência são ressignificáveis.

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Biografia do Autor

Diego Luiz Warmling, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutorando em Filosofia na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis – SC, Brasil.

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Publicado

2020-10-20

Como Citar

WARMLING, Diego Luiz. Butler leitora de Beauvoir: o gênero como ato performativo. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 20, n. 3, p. 16–38, 2020. DOI: 10.31977/grirfi.v20i3.1835. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/1835. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

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Artigos