A crítica do universalismo hegeliano em três tempos: Fanon, Dussel e Freire

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v21i2.2316

Palavras-chave:

Universalismo; Hegel; Descolonização; Fanon; Dussel; Freire.

Resumo

O objetivo deste ensaio é apresentar a crítica do universalismo hegeliano realizada pelo conceito de zona do não-ser de Franz Fanon, pela zona da exterioridade de Enrique Dussel e pela pedagogia do oprimido de Paulo Freire. A (re)leitura da dialética hegeliana operada pelos três pensadores auxilia na compreensão do substrato do pensamento que orientou a concepção europeia sobre a liberdade inscrita no campo da prática política, localizando-a no tempo e no espaço. Além disso, suas propostas de “descolonização da dialética” renovam a imaginação e a práxis filosófico-política dos países subalternizados pelo contexto das relações de força do mundo moderno/colonial, em busca de outras referências simbólico-epistêmicas necessárias à transformação social da realidade de desigualdades do continente latino-americano. O gesto dos três pensadores abre o texto filosófico ou, mais especificamente, o pensamento hegeliano, a um diálogo infinito, não totalizável, a uma crítica às tentativas de fechamento metafísico e/ou ontológico do conhecimento, a sua universalização.

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Biografia do Autor

Marcos de Jesus Oliveira, Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)

Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília (UNB), Brasília – DF, Brasil. Professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), Foz de Iguaçu – PR, Brasil.

Elzahra Mohamed Radwan Omar Osman, Universidade de Brasília (UNB)

Doutoranda em Filosofia na Universidade de Brasília (UNB), Brasília – DF, Brasil.

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Publicado

2021-06-02

Como Citar

OLIVEIRA, Marcos de Jesus; OSMAN, Elzahra Mohamed Radwan Omar. A crítica do universalismo hegeliano em três tempos: Fanon, Dussel e Freire. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 21, n. 2, p. 395–404, 2021. DOI: 10.31977/grirfi.v21i2.2316. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/2316. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos