A relação entre revolução e estado: crítica de Hannah Arendt ao modelo atual

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DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v21i3.2432

Resumo

Neste texto, pretende-se desenvolver os elementos que compõem a crítica que Hannah Arendt apresenta ao fim da entrevista concedida ao escritor alemão Adelbert Reif no verão de 1970 ao conceito de Estado e governo moderno, e que não são desenvolvidos por Arendt nesse momento. Para tanto, inicialmente será expostas as criticas de Arendt ao esvaziamento do espaço público e a tentativa de resumir à participação política ao processo eleitoral. Para contrapor-se a esses problemas inerentes ao conceito moderno de Estado e governo, Hannah Arendt menciona, mesmo que ligeiramente a possibilidade de um estado-conselho. Entretanto, nesse texto Arendt não explora esses conceitos e experiências, mas apenas os relaciona com a necessidade de transformação do conceito moderno de Estado e governo, ou seja, possibilita a percepção da atualidade de sua reflexão anterior. Diante disso a hipótese explorada neste texto é a de que essa entrevista de 1970 serve de chave de leitura para compreender a pertinência e atualidade do paralelo partidos x conselho desenvolvidos pela autora em Sobre a Revolução em 1963 e acrescenta um elemento novo, a saber, o tema da necessidade de institucionalizar uma experiência esquecida: os conselhos.

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Biografia do Autor

Carlos Fernando Silva Brito, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutorando(a) em Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte – MG, Brasil.

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Publicado

2021-10-28

Como Citar

SILVA BRITO, Carlos Fernando. A relação entre revolução e estado: crítica de Hannah Arendt ao modelo atual. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 21, n. 3, p. 121–133, 2021. DOI: 10.31977/grirfi.v21i3.2432. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/2432. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos