O enunciado como categoria de análise na produção do(s) discurso(s) em Foucault

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v22i3.3030

Palavras-chave:

Enunciado; Categoria de Análise; Produção do(s) Discurso(s); Michel Foucault.

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo debater a ideia de que o enunciado pode vir a ser uma provável categoria de análise, na tentativa de pensar o(s) discurso(s), do mesmo modo que sua geração, na moldura teórica proposta por Michel Foucault (1926-1984). O filósofo francês desenvolveu o enunciado como uma categoria de análise, em obras como As Palavras e As Coisas (1966) e a A Arqueologia do Saber (1969), em um enquadramento capaz de permitir uma determinada autonomia à formulação de um conceito. Desta forma, o enunciado, na tentativa de engendrar essa mesma autonomia a uma teoria a ser erigida, permitiria a gravitação desta nos referidos discursos produzidos pelo indivíduo. O enunciado, foucaultianamente, não se refere em stricto sensu a um arcabouço gramatical, ou estritamente linguístico, mas permite a confluência na formação de noções teóricas, ou mesmo na moldura do(s) discurso(s), possibilitando a consonância de ideias que fundamentam os discursos vigentes nas ciências humanas e que delineiam o status quo. Sendo a proposição de enunciado em Foucault uma categoria não necessariamente científica, isto é, sem a envergadura de uma composição de verdade, assim como de um “dizer verdadeiro”. O enunciado, na proposta do autor, contrapõe-se ao discurso que versa sobre a nomenclatura da verdade e os mecanismos que instituem a constante produção desta e que outorgam as concepções epistemológicas (que constituem as epistemologias vigorantes) nos espaços: social, político, histórico e também cultural.

 

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Biografia do Autor

Dirceu Arno Krüger Junior, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Doutor(a) em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Pelotas – RS, Brasil.

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Publicado

2022-10-28

Como Citar

ARNO KRÜGER JUNIOR, Dirceu. O enunciado como categoria de análise na produção do(s) discurso(s) em Foucault. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 22, n. 3, p. 255–264, 2022. DOI: 10.31977/grirfi.v22i3.3030. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/3030. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos