Relações e paralelos entre Rousseau e a ecologia radical contemporânea

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v8i2.559

Palavras-chave:

Ecologia Profunda; Ética Ambiental; Rousseau; Amor-próprio; Ecocentrismo.

Resumo

Verificou-se que, embora haja uma série de publicações contextualizando o pensamento de Rousseau no debate contemporâneo sobre a filosofia ambiental, a participação de seu pensamento é ainda diminuta. Relacionaram-se então alguns conceitos fundamentais da ecologia radical contemporânea com a filosofia rousseauniana. Constatou-se que ambos procedem a uma crítica radical do antropocentrismo, propondo, como alternativa, um ecocentrismo. Concentrou-se no conceito de “valor intrínseco” da natureza e suas implicações éticas no relacionamento entre homem e ambiente. No caso de Rousseau essa relação se desenvolve por meio de uma profunda análise das paixões amor-de-si e amor-próprio. Constatou-se que tanto a ecologia radical como Rousseau não acreditam na possibilidade de uma volta ao estado de natureza, porém é possível recuperar a experiência feliz da ligação com a totalidade da vida, que esse estado proporcionava aos homens. A recuperação somente pode ocorrer em outro registro, em meio à civilização e à tecnologia. Mostrou-se a importância da estratégia rousseauniana nessa questão ao propor a expansão do amor-próprio até uma dimensão de totalidade, recuperando dessa forma a possibilidade de uma vida feliz e significativa (boa-vida). Entretanto, tanto Rousseau como os partidários da ecologia radical consideram as dificuldades em se realizar tanto a experiência da totalidade como da vida ética na relação entre homem e natureza, dada as condições da contemporaneidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Eduardo Cardoso Braga, Centro Universitário Senac (SENAC/SP)

Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo – Brasil, Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), São Paulo – Brasil. Professor do Centro Universitário Senac-SP.

Referências

BRONNER, Stephen. Ideas in Action: Political Tradition in the Twentieth Century. Lanham, Maryland: Rowman & Littlefield Publishers Inc., 1999.

CALLICOT, J. Baird. In Defense of the Land Ethic. Essays in Environmental Philosophy. Albany: New York Press, 1989.

COOPER, Laurence. Rousseau, Nature, & the Problem of the Good Life. University Park, PA: The Pennsylvania State University Press, 1999.

COOPER, Laurence. “Between Eros and Will to Power: Rousseau and ‘the Desire to Extend our Being,’”. In: American Political Science Review 98(2004), pp. 105–120.

DRENGSON, A. & INOUE, Y. (ed.). The Deep Ecology Movement: An Introductory Anthology. Berkeley, CA: North Atlantic Books, 1995.

EASTERBROOK, Gregg. The Progress Paradox. New York: Random House, 2003.

ESTERMANN, J. & PEÑA, A. Filosofia andina. Iquique-Chile: ECTA-IQUIQUE, 1997.

JONAS, Hans. The Phenomenon of life: Toward a Philosophical Biology. New York : Harper and Row, 1966.

JONAS, Hans. El Principio de Responsabilidad: Ensayo de una ética para la civilización tecnológica. Barcelona : Herder, 1995.

HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Tradução: Emmanuel Carneiro leão. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro (Ed. Universidade de Brasília), 1978.

HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo, vol. I e II. Petrópolis: Vozes, 4ª edição, 1993.

HEIDEGGER, Martin. “Construir, habitar, pensar”. In: HEIDEGGER, M. Ensaios e conferências. (trad. Emamanuel C. Leão) Petrópolis: Vozes, 2001.

HEIDEGGER, Martin. “A questão da técnica” (Die Frage nach der Technik). In: Cadernos de Tradução, no. 2, Tradução de Marco Aurélio Werle. São Paulo: Departamento de Filosofia da USP, 1997.

LANE, Joseph H. & CLARK, Rebecca R. “The Solitary Walker in the Polical World: The Paradoxes of Rousseau and Deep Ecology”. In: Political Theory, Volume 34, Number 1, February, pp. 62-94, 2006.

LEOPOLD, Aldo. A Sand County Almanac and Sketches Here and There. New York: Oxford University Press, 1987.

MASTERS, R. The Political Philosophy of Rousseau. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1968.

MELZER, Arthur. The Natural Goodness of Man: On the System of Rousseau’s Thought. Chicago: University of Chicago Press, 1990.

MOORE, G. E. Principia Ethica. Cambridge: Cambridge University Press , 2008.

MURPHY, Andrew R. "Environmentalism, Antimodernism, and the Recurrent Rhetoric of Decline." In: Environmental Ethics 25.1; pp. 79-98, 2003.

NAESS, Arne. “The Shallow and the Deep, Long Range Ecology Movement: A Summary”. In: Inquiry 16, pp. 95-100, 1973.

NAESS, Arne. Self-Realization: An Ecological Approach to Being in the World. Australia: Murdoch University, 1986.

NAESS, Arne. “A Defence of the Deep Ecology Movement”. In: Environmental Ethics, Vo1.6, No.4, 1984.

NAESS, Arne & SESSIONS, George. “The Basic Principles of Deep Ecology,” In: Earth First! 4, June 20, 1984.

NAESS, Arne & ROTHENBERG, D. Ecology, Community and Lifestyle. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.

NORTON, Bryan G. Toward Unity Among Environmentalists. New York: Oxford University Press, 1991.

OELSCHLAEGER, Max. The Idea of Wilderness: From Prehistory to the Age of Ecology (New Haven, CT: Yale University Press, 1991.

PASSMORE, John. Man’s Responsability for Nature. Ecological Problems and Western Traditions. London: Duckworth, 1974.

PLATTNER, Marc. Rousseau’s State of Nature: An Interpretation of the Discourse on Inequality. DeKalb, IL: Northern Illinois University Press, 1979.

REGAN, Tom. All That Dwell Therein: Essays on Animal Rights and Environmental Ethics. Berkeley: University of California Press,1982.

ROLSTON III, Holmes. Environmental Ethics. Duties to and Values in the Natural World. Philadelphia: Temple University Press, 1988.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Oeuvres complètes de Jean-Jacques Rousseau, avec des notes historiques..., Les Confessions. Discours. Politique. Tome I, Paris: Chez Alexandre Houssiaux, Libraire, 1852.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Oeuvres complètes de Jean-Jacques Rousseau, avec des notes historiques..., La Nouvelle Héloïse. Emile. Lettre à M. de Beaumont. Tome II, Paris: Chez Alexandre Houssiaux, Libraire, 1852.

ROUSSEAU, J.-J. Os devaneios do caminhante solitário. Organização e tradução de Fúlvia Maria Luíza Moretto. Brasília: Ed. da UnB, 1995.

SARTRE, Jean-Paul. O Ser e O Nada. Tradução e notas de Paulo Perdigão. Petrópolis, 2001.

SCOTT, John T. “The Theodicy of the Second Discourse: The ‘Pure State of Nature’ and Rousseau’s Political Thought”. In: American Political Science Review, pp. 696–711, 1992.

SESSIONS, George & DEVALL, William. Deep Ecology, Living as if Nature Mattered. Salt Lake City: Gibbs M. Smith, Inc., 1985.

SINGER, Peter. Animal Liberation. A New Ethic for Our Treatment of Animals. New York: New York Review-Random Press, 1975.

SNYDER, Gary. The Practice of the Wild. San Fransisco: North Point Press, 1990.

SOUZA, Maria das Graças de. “Ocasião propícia, ocasião nefasta: tempo, história e ação política em Rousseau”. In: Trans/Form/Ação, São Paulo, 29(2): 249-256, 2006.

STONE, Christopher. Should Trees Have Standing? Toward Legal Rights for Natural Objects. Los Altos: Kaufman, 1972.

TAYLOR, Paul W. “Are humans superior to animals and plants?” In: Environmental Ethics. University of North Texas, Summer v. 6, n. 2, 1984.

TAYLOR, Paul W. Respect for Nature. A Theory of Environmental Ethics. Studies in Moral, Political, and Legal Philosophy. New Jersey: Princeton University Press, 1986.

THOREAU, Henry David. A desobediência civil. Tradução: Sérgio Karam. Porto Alegre: L&PM, 1997.

WORSTER, Donald. Nature's Economy: A History of Ecological Ideas. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.

Downloads

Publicado

2013-12-15

Como Citar

BRAGA, Eduardo Cardoso. Relações e paralelos entre Rousseau e a ecologia radical contemporânea. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 201–225, 2013. DOI: 10.31977/grirfi.v8i2.559. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/559. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos