Ontologia e obra literária: a resposta realista de Ingarden a Husserl

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v14i2.716

Palavras-chave:

Idealismo; Realismo; Ontologia; Obra literária; Ingarden.

Resumo

 O idealismo transcendental anunciado por Husserl como idêntico à própria fenomenologia nunca deixou de ser um dos pontos mais polêmicos de sua filosofia. A esse respeito, um dos primeiros críticos da posição filosófica esposada publicamente por Husserl a partir de Ideias para uma fenomenologia pura foi seu outrora aluno Roman Ingarden. Seu denso e resoluto criticismo em relação à perspectiva idealista de Husserl é amparado por minuciosas investigações de ordem ontológica, contidas sobretudo em seu magnum opus, Controvérsia acerca da existência do mundo. Contudo, algumas das discussões aí indicadas já se faziam presentes em seu famoso escrito A obra de arte literária, de 1929. Com efeito, neste texto, que busca demarcar o estatuto ontológico das obras literárias, Ingarden já empreende análises que lhe permitem questionar alguns dos pressupostos centrais ao idealismo transcendental advogado por Husserl. A proposta do presente trabalho é apresentar algumas das noções básicas da ontologia ingardeniana, bem como sua visão acerca do modo de ser da obra literária, e tentar compreender como estes elementos se coordenam a fim de fornecer a Ingarden alguns dos elementos que lhe permitem ensaiar uma resposta realista à perspectiva de Husserl.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Allan J. Vieira, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutorando em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Santa Catarina – Brasil.

Referências

HEGEL, G. W. F. Fenomenologia do espírito. 6ª ed. Tradução de Paulo Meneses. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

HUSSERL, E. Briefe an Roman Ingarden. Den Haag: Martinus Nijhoff, 1968.

HUSSERL, E. Formal and Transcendental Logic. Translated by D. Cairns. The Hague: Martinus Nijhoff, 1969.

HUSSERL, E. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. Tradução de M. Suzuki. Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2006.

HUSSERL, E. A ideia da fenomenologia. Tradução de A. Morão. Lisboa: Edições 70, 2008.

HUSSERL, E. Meditações cartesianas e conferências de Paris. Tradução de P. M. S. Alves. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2010.

INGARDEN, R. Der Streit um die Existenz der Welt. Band 2: Formalontologie. Teil 1. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 1965.

INGARDEN, R. On the Motives which led Husserl to Transcendental Idealism. Translated by A. Hannibalsson. Den Haag: Martinus Nijhoff, 1975.

INGARDEN, R. The Letter to Husserl About the VI [Logical] Investigation and ‘Idealism’. In: TYMIENIECKA, A.-T. (Ed.). Ingardeniana: A Spectrum of Specialised Studies Establishing the Field of Research. Dordrecht, Boston: D. Riedel Publishing Company, 1976, p. 419-38. (Analecta Husserliana).

INGARDEN, R. A obra de arte literária. 2ª ed. Tradução de A. E. Beau, M. C. Puga e J. F. Barrento. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979.

INGARDEN, R. Controversy over the Existence of the World. Volume I. Translated and annotated by A. Szylewicz. Frankfurt am Main: Peter Lang Edition, 2013.

JOHANSSON, I. Proof of the Existence of Universals – and Roman Ingarden’s Ontology. Metaphysica, vol. 10, n. 1, p. 65-87, 2009.

JOHANSSON, I. The Basic Distinctions in Der Streit. Semiotica, vol. 194, p. 137-57, 2013.

LIMIDO-HEULET, P. Sens et limites de l’analyse ontologique dans l’esthétique de Roman Ingarden. Bulletin d’analyse phénoménologique, vol. VII, n. 2, p. 1-35, 2011.

MITSCHERLING, J. Roman Ingarden’s Ontology and Aesthetics. Ottawa: University of Ottawa Press, 1997.

WACHTER, D. 2005. Roman Ingarden’s Ontology: Existential Dependence, Substances, Ideas, and Other Things Empiricists Do Not Like. In: CHRUDZIMSKI, A. (ed.). Existence, Culture, and Persons: The Ontology of Roman Ingarden. Frankfurt: Ontos Verlag, p. 55-82.

Downloads

Publicado

2016-12-18

Como Citar

VIEIRA, Allan J. Ontologia e obra literária: a resposta realista de Ingarden a Husserl. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 14, n. 2, p. 219–243, 2016. DOI: 10.31977/grirfi.v14i2.716. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/716. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos