Como não esquecer de viver o presente: um ensaio sobre a espiritualidade do amor

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31977/grirfi.v18i2.907

Palavras-chave:

Espiritualidade; Amor; Ideal; Beleza; Ficção.

Resumo

Pierre Hadot nos mostra, em suas interpretações sobre Goethe e a tradição dos exercícios espirituais, que o amor verdadeiro possui um potencial transformador, pois corresponde a um exercício do espírito capaz de desvelar o ideal que envolve e constitui a realidade dos amantes.  Diferentemente, Foucault explica, através de Baudelaire e da cultura da estética da existência, que a experiência transfiguradora do amor propicia a criação do tempo presente como que por ficção e não pela presença do ideal no real.  A partir disso, talvez possamos afirmar que a espiritualidade do amor, concebida por Hadot, residiria na eternização do instante presente e na universalização da alma, cuja beleza articula os amantes idealmente à Natureza. Por outro lado, no caso da estética da existência foucaultiana a espiritualidade do amor concerniria à violação ficcional da condição que ata o si, os outros e o mundo à saudade do passado ou à ansiedade pelo futuro. Sendo assim, neste ensaio vislumbramos (a) pontuar as diferenças entre Hadot e Foucault no que concerne à vivência do tempo presente e à espiritualidade do amor para (b) indicarmos de que modo ambos compreenderiam a movimentação histórica do si e dos outros no mundo.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cassiana Lopes Stephan, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Doutoranda em Filosofia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba – PR, Brasil. Bolsista/CAPES.

Referências

BATAILLE, G. A literatura e o mal. Tradução de Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

BAUDELAIRE, C. O pintor da vida moderna. Tradução de Jérôme Dufilho e Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

BÉNATOUÏL, T. “Deux Usages du Stoïcisme: Deleuze, Foucault”. In: GROS, F.; LÉVY, C. Foucault et la Philosophie Antique. Paris: Éditions Kimé, 2003.

BRÉHIER, É. A teoria dos incorporais no estoicismo antigo. Tradução de Fernando Padrão de Figueiredo e José Eduardo Pimentel Filho. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

BRUNSCHWIG, J. “Metafísica estoica”. In: INWOOD, B. Os estoicos. Tradução de Paulo Fernando Tadeu Ferreira e Raul Fiker. São Paulo: Odysseus, 2006.

BUTLER, J. Qu’est-ce qu’une vie bonne? Tradução de Martin Rueff. Paris: Payot & Rivages, 2014.

EPICTETO. O Encheirídion de Epicteto. Edição bilíngue por Aldo Dinucci e Alfredo Julien, Sergipe: EdiUFS, 2012.

FOUCAULT, M. História da sexualidade 3: o cuidado de si. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 2011.

FOUCAULT, M. A hermenêutica do sujeito. Tradução de Márcio Alves da Fonseca e Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

FOUCAULT, M. Dits et écrits II. 1976-1988. Paris: Gallimard, 2001.

FOUCAULT, M. O corpo utópico; As heterotopias. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: n-1, 2013.

FOUCAULT, M. Qu’est-ce que la critique suivi de La culture de soi. Paris: Vrin, 2015.

FREDE, D. “Determinismo estoico”. In: INWOOD, B. Os estoicos. Tradução de Paulo Fernando Tadeu Ferreira e Raul Fiker. São Paulo: Odysseus, 2006.

GOETHE, J.W. Os sofrimentos do jovem Werther. Tradução de Marcelo Backes. Porto Alegre: L&PM, 2011.

GOETHE, J.W. Fausto: uma tragédia – segunda parte. Tradução de Jenny Klabin Segall. São Paulo: Editora 34, 2011.

HADOT, P. Exercices spirituels et philosophie antique. Paris: Albin Michel, 1993.

HADOT, P. La philosophie comme manière de vivre: entretiens avec Jeannie Carlier et Arnold I. Davidson. Paris: Albin Michel, 2001.

HADOT, P. N’oublie pas de vivre: Goethe et la tradition des exercices spirituels. Paris: Albin Michel, 2008.

HADOT, P. “Reflexões sobre a noção de ‘cultura de si’”. In: Revista Filosófica de Coimbra. Tradução e notas de Cassiana Stephan e Luciane Boganika. Coimbra, vol.26, nº 51, março de 2017, pp.183-204.

HIEROCLES. Hierocles the Stoic: Elements of Ethics, Fragments and Excerpts. Edição bilíngue por David Kosntan e Ilaria Ramelli. Boston: Brill, 2009.

LONG, A.A; SEDLEY, D.N. The Hellenistic Philosophers: greek and latin texts with notes and bibliography. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. 2v.

LORENZINI, D. La politique des conduites: pour une histoire du rapport entre subjectivation éthique et subjectivité politique. Tese Doutorado. Université Paris-Est Créteil, Créteil. 2014.

STEPHAN, C. Michel Foucault e Pierre Hadot: um diálogo contemporâneo sobre a concepção estoica do si mesmo. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2015.

STIRNER, M. Textos Dispersos. Tradução de José Bragança de Miranda. Lisboa: Via Editora, 1979.

VERNANT, J-P. L’individu, la mort, l’amour. Paris: Galimmard, 2011.

Downloads

Publicado

2018-12-16

Como Citar

STEPHAN, Cassiana Lopes. Como não esquecer de viver o presente: um ensaio sobre a espiritualidade do amor. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 18, n. 2, p. 375–396, 2018. DOI: 10.31977/grirfi.v18i2.907. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/907. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos