Animismo africano como estratégia de resistência decolonial no romance A Louca de Serrano, de Dina Salústio
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v25i2.5325Palabras clave:
Literatura; Resistência; Animismo Africano; Ética ambiental.Resumen
No subcapítulo intitulado “Narrativa e Resistência”, de sua obra Literatura e Resistência, Alfredo Bosi (2002) esclarece que “resistência”, sendo um conceito ético, não deve, a priori, relacionar-se à estética, uma vez que esta se origina de potências de conhecimento, que seriam: a intuição, a imaginação, a percepção e a memória. Não obstante, esclarece o autor, diferente do que se pensa, resistência e estética interagem nas produções literárias de forma consistente e recorrente. A resistência a determinados valores institucionalizados se conjuga à narrativa a partir de duas formas de realização: como tema e como forma inerente à escrita. Nesse sentido, propomos analisar o modo pelo qual o animismo africano se manifesta no romance A Louca de Serrano, da escritora cabo-verdiana Dina Salústio. Nosso interesse é destacar diferenças entre a perspectiva animista apresentada em textos literários e o discurso cartesiano, no que tange às propostas de interação entre seres humanos e meio ambiente. Segundo a visão animista, posições dicotômicas/excludentes devem ser rechaçadas e substituídas por posturas mais harmoniosas e agregadoras. Desse modo, é possível inferir que ideias fundantes do inconsciente animista, relacionadas ao compartilhamento da força vital por todos os seres, humanos e não humanos, apontam para a urgente necessidade de se repensar os modos como nos relacionamos com a natureza; e também para importância de se considerar a proposta da Existência-em-Relação como uma opção válida de acesso a conhecimentos para formação ética ambiental. A obra selecionada para análise enquadra-se no linha do Realismo Animista africano, destarte, com o intuito de fazermos uma abordagem suficiente e adequada do tema, elegemos, como principais fontes de consulta, os seguintes textos: Literatura e Resistência, de Alfredo Bosi (2002); “Metamorfoses decoloniais: o inconsciente animista e transmutações como cosmovisão nas Literaturas Africanas”, de Silvio Ruiz Paradiso (2024); e “Reflexões provisórias sobre animismo, modernismo/colonialismo e a ordem africana do conhecimento”, de Harry Garuba (2018).
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