A emancipação humana como horizonte da crítica: Revisitando o debate a respeito da posição do humanismo na obra madura de Karl Marx
DOI:
https://doi.org/10.31977/grirfi.v25i2.5334Palabras clave:
Marx; Crítica; Humanismo; Emancipação.Resumen
Neste artigo, apresento uma análise dos principais textos do primeiro modelo de crítica da economia política que Karl Marx formulou entre 1857-59, a fim de apontar de que maneira o autor posicionou o humanismo no interior de sua obra de maturidade. Num primeiro momento, mostro como Marx entrelaçou dois pares conceituais: de um lado, o par história/pré-história tem por função distinguir o socialismo de todos os modos de produção que o precedem, de sorte que a passagem para o socialismo e para a história marcaria uma ruptura emancipatória com toda a pré-história, pois enfim a sociedade humana se realizaria efetivamente. No entanto, como o socialismo ainda não se efetivou historicamente, a investigação de Marx se concentra no par capitalismo/pré-capitalismo: Marx evidencia que o pré-capitalismo é um limite anterior ao capital, permitindo que Marx critique a concepção a-histórica do capital que os economistas políticos formularam. Para demonstrar essa diferença entre capitalismo e pré-capitalismo, Marx revisita a noção de alienação, definindo-a como fenômeno especificamente capitalista. Em seguida, analiso os Manuscritos de 1844 indicando as diferenças significativas entre o humanismo do período de juventude e aquele presente no modelo de 1857-59. O intuito é desenvolver uma posição intermediária dentro da literatura secundária: entre posições que defendem uma descontinuidade completa e uma continuidade sem grandes alterações, argumento, seguindo Ruy Fausto, que há continuidade – pois Marx ainda possui uma certa posição humanista – na descontinuidade – pois o humanismo na obra de maturidade torna-se horizonte da crítica, deixando de funcionar como seu fundamento.
Descargas
Citas
ADORNO, T. W. Drei Studien zu Hegel. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2003.
ALTHUSSER, L. Pour Marx, Paris: Maspero, 1969.
ARNDT, A. Hegel in Marx: Studien zur dialektischen Kritik und zur Theorie der Befreiung. Berlin: Dietz Verlag, 2023.
BASSO, L. Marx and singularity: from the early writings to the Grundrisse. Leiden, Boston: Brill, 2012.
CARVER, T. Marx’s conception of alienation in the Grundrisse. In: Musto, M. Karl Marx’s Grundrisse: Foundations of the critique of political economy 150 years later. New York: Routledge, 2008, p. 48-66.
COLLIOT-THÉLÈNE, C. Sens et limites de la critique de la propriété privée chez Marx. Colliot-Thélène, C. Que reste-t-il de Marx? Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2017, p. 117-134.
FAUSTO, R. Sentido da dialética. Marx: lógica e política. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2015.
FAUSTO, R. O Capital e a Lógica de Hegel. Dialética marxiana, dialética hegeliana. São Paulo: Editora Unesp, 2021.
FINESCHI, R. Marx e Hegel: Fondamenti per una rilettura. Nápoles: La scuola di Pitagora editrice, 2024.
FINESCHI, R. Le temps du capital ou le capital dans le temps? Sur la logique du mode de production capitaliste. In Losurdo, D. & Tosel, A. L’idée d’époque historique / Die Idee der historischen Epoche. Peter Lang, 2004, p. 233-243.
GIANNOTTI, J. A. Contra Althusser. In: Exercícios de filosofia, Petrópolis/SP: Editora Vozes/CEBRAP, 1980.
GIANNOTTI, J. A. Origens da dialética do trabalho. Estudo sobre a lógica do jovem Marx. Porto Alegre: L&PM, 1985.
GERAS, N. Marx and human nature: refutation of a legend. London: Verso, 1983.
HABER, S. L’aliénation. Vie sociale et expérience de la dépossession. Paris: PUF, 2007.
HABER, S. (2008) “Le naturalisme accompli de l’homme”: travail aliéné et nature. In: Renault, E. Lire les Manuscrits de 1844. Paris: PUF, 2008, p. 129-145.
HEINRICH, M. Os invasores de Marx: sobre os usos da teoria marxista e as dificuldades de uma leitura contemporânea. Crítica marxista, n. 38, p. 29-39, 2014.
JOHNSON, S. Os primórdios de ‘modo de produção’ de Karl Marx. Revista Dissonância, vol. 2, n. 2, p. 361-434, 2018.
LEOPOLD, D. The structure of Marx and Engels’ considered account of utopian socialism. History of political thought, vol. 26, n. 3, p. 443-466, 2005.
LEOPOLD, D. On Marxian utopophobia. Journal of the History of Philosophy, vol. 54, n. 1, p. 111-134, 2016.
MARX, K. Ökonomische Manuskripte (1857-58). Teil 1. II.1.1, Mega². Berlim: Dietz Verlag, 1976.
MARX, K. Ökonomische Manuskripte und Schriften, 1858-1861. Teil 2. II.2, Mega². Berlim: Dietz Verlag, 1980.
MARX, K. Ökonomische Manuskripte (1857-58). Teil 2. II.1.2, Mega². Berlim: Dietz Verlag, 1981.
MARX, K. Ökonomisch-Philosophische Manuskripte. In: Werke, Artikel, Entwürfe. März 1843 bis August 1844. I.2, Mega². Berlim: Dietz Verlag, 1982.
MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2010.
MARX, K. Grundrisse. Manuscritos econômicos de 1857-1858. Esboços da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2011.
MARX, K. Para a crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2024.
MAZZUCCHELLI, F. A contradição em processo. O capitalismo e suas crises. São Paulo: Brasiliense, 1985.
MONFERRAND, F. La nature du capital: politique et ontologie chez le jeune Marx. Paris: Éditions Amsterdam, 2024.
MUSTO, M. I ‘Manoscritti economico-filosofici del 1844’ di Karl Marx: vicissitudini della pubblicazione e interpretazioni critiche. Studi Storici, vol. 49, n. 3, p. 763-792, 2008.
NOBRE, M. A dialética negativa de Theodor W. Adorno. A ontologia do estado falso. São Paulo: Iluminuras, 1998.
REICHELT, H. Que método Marx ocultou? Crítica Marxista, vol. 18, n. 33, p. 67-82, 2011.
REICHELT, H. Sobre a estrutura lógica do conceito de capital em Karl Marx. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2013.
RENAULT, E. (2008) Introduction – Comment lire les Manuscrits de 1844? In: Renault, E. Lire les Manuscrits de 1844. Paris: PUF, 2008, p. 7-32.
RENAULT, E. Marx et la philosophie. Paris: PUF, 2014.
ROJAHN, J. Marxismus-Marx-Geschichtswissenschaft. Der Fall der sog. ‘ökonomisch-philosophischen Manuskripte aus dem Jahre 1844’. International Review of Social History, vol. XXVIII, p. 3-49, 1983.
ROJAHN, J. The emergence of a theory: The importance of Marx’s Notebooks exemplified by those from 1844. Rethinking Marxism, vol. 14, n. 4, p. 29-46, 2002.
ROZA, S. Le marxisme est un humanisme. Paris: PUF, 2024.
ZOUBIR, Z. “Alienation” and critique in Marx’s manuscripts of 1857-58 (“Grundrisse”). The European Journal of the History of Economic Thought, vol. 25, n. 5, p. 710-737, 2018.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Lutti Mira

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores que publican en Griot: Revista de Filosofía mantienen los derechos de autor y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Creative Commons Attribution 4.0 International License, permitiendo compartir y adaptación, incluso con fines comerciales, con el debido reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista. Lea mas...