Vidante: apresentação de um filosofar de candomblé

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.31977/grirfi.v25i1.5254

Mots-clés :

Vidante; Encantamento; Filosofar de candomblé; Ancestralidade; Cosmopercepção africana.

Résumé

Criado no doutoramento para apresentar o já existente filosofar de candomblé, “vidante” significa “vida diante do modo de vida do candomblé”, que busca romper com paradigmas epistêmicos do cânone da filosofia tradicional – especialmente no que diz respeito à ontologia, à história e à poética – e romper com paradigmas culturais centralistas presentes na cosmopercepção africana (bantocracia e nagocracia). Vidante (representação de pessoas negras, conceito, testemunha) rompe também com a “zona de não-ser” (espécie de política de morte) falada por Frantz Fanon, porque o seu principal objetivo é deslocar as pessoas negras da outridade para um “repatriamento identitário” encantado capaz de produzir cura – ao conduzir as pessoas negras às suas ancestralidades. Vidante entroniza o orixá Logunedé para apresentar o encantamento como filosofar específico no veio onto-epistêmico da cosmopercepção africana que parte do candomblé. O destaque em Logunedé não centraliza o filosofar na tradição iorubana, mas pensa a partir dos diferentes caminhos que esse orixá conflui, e o vidante entroniza Logunedé para vivenciar, expressar, pensar de modo espiralado e encantado – também aos modos de Exú e do Saci Pererê – por esse caminho que segue rumo ao candomblé para falar sobre o repatriamento identitário, ao qual muitas pessoas negras se sentem atraídas para recompor o seu ser – até então fragmentado, expatriado –, ao invés de simplesmente se instalarem em uma arrogada política de vida, mais focada no aspecto político que na vida. Esse texto dá à inteligência negra e à filosofia um signo, sentidos e significados existenciais novos a partir da questão racial negra.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Adeir Ferreira Alves, Universidade de Brasília (UNB)

Doutor(a) em Metafísica pela Universidade de Brasília (UNB), Distrito Federal – DF, Brasil. Membro Pesquisador(a) do GEPPHERG/FE-UNB. Membro do NEAB/UnB. Professor(a) da SEEDF.

Références

ALVES, Adeir Ferreira. Vidante: um filosofar de candomblé. (Tese de doutorado), Programa de Pós-graduação em Metafísica. Universidade de Brasília, 2024. No prelo.

ALVES, Adeir Ferreira. Conhecimento, crenças e questão racial no Brasil: reflexões sobre antigos saberes na nova academia. Pelotas: Norus - Novos Rumos Sociológicos, 2022.

ALVES, Adeir Ferreira. Organização social no Quilombo Mesquita: trabalho, solidariedade e atuação das mulheres. 2019. 153 f. Dissertação (Mestrado em Direitos Humanos e Cidadania). Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

BENTO, Cida. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. (Tese de doutorado) Faculdade de Educação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.

CARVALHO, José Jorge de. Encontro de saberes e descolonização: para uma refundação étnica, racial e epistêmica das universidades brasileiras. 2019. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze.; MALDONADO-TORRES, Nelson.; GROSFOGUEL, Rámon. (orgs). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

CUNHA PAZ, Francisco Phelipe. Na Casa De Ajalá: Comunidades Negras, Patrimônio e Memória Contracolonial No Cais Do Valongo: A “Pequena África”. Brasília, 2019. Dissertação de Mestrado, PPGDSCI-UnB, 218 p.

FANON, Frantz. Pele negra máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

GILROY, Paul. O atlântico negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Editora 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos afro-Asiáticos, 2012.

GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos. Lugar de negro. Editora Marco Zero: Rio de Janeiro, 1982.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KODJO-GRANDVAUX, Séverine. Filosofias africanas. Tradução de Bernardo Tavares dos Santos, Carlos Fernando Carrer, Cleber Daniel Lambert as Silva, Thiago Ribeiro de Magalhães Leite e Sandro Kobol Fornazarl. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2021.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. Tradução de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

MBEMBE, Achille. Brutalismo. Tradução de Sebastião Nascimento. São Paulo: N1 Edições, 2021.

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Tradução de Sebastião Nascimento. Paris: Éditions La Découverte, 2018.

MBEMBE, Achille. 2006. O que fazer com as estátuas e os monumentos coloniais? Traduzido por Juliana de Moraes Monteiro e Carla Rodrigues (publicado em 2020). Disponível em: https://revistarosa.com/2/o-que-fazer-com as-estatuas-e-os-monumentos-coloniais. Acesso em junho de 2021.

MORONARI, Júlio César de Souza; ALVES, Adeir Ferreira; SILVA, Cátia Cândido. Candomblé Escola: uma episteme do Egbé Onigbadamu para uma pedagogia de terreiro. Aceno – Revista de Antropologia do Centro-Oeste, 10 (24): p.507-524, setembro a dezembro de 2023.

MUDIMBE, Valentin-Yves. A invenção da África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Tradução de Fábio Ribeiro. Petrópolis: Vozes, 2019.

NASCIMENTO, Beatriz. Uma história feita por mãos negras: relações raciais, quilombos e movimentos. Org. Alex Ratts. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.

NASCIMENTO, Wanderson Flor do. Entre apostas e heranças: contornos africanos e afrobrasileiros na educação e no ensino de filosofia no Brasil. Rio de Janeiro: Nefi, 2020.

NASCIMENTO, Wanderson Flor do. Sobre os candomblés como modo de vida: Imagens filosóficas entre Áfricas e Brasis. Ensaios Filosóficos, Volume XIII – Agosto de 2016.

OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. Rio de Janeiro: Ape’Ku, 2021a. (Vol. I).

OLIVEIRA, Eduardo. Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da educação brasileira. Rio de Janeiro: Ape’Ku, 2021b. (Vol. II).

OLIVEIRA, Eduardo. Ancestralidade da encruzilhada: dinâmica de uma tradição inventada. Rio de Janeiro: Ape’Ku, 2021c. (Vol. III).

OYEWUMI, Oyeronke. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Tradução de Wanderson Flor do Nascimento. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

RIBEIRO, Sidarta. Sonho manifesto: dez exercício de otimismo apocalíptico. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

SANTOS, Antônio Bispo dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu Editora/Piseagrama, 2023.

SILVA, Givânia Maria da. Territorialidades quilombolas ameaçadas pela colonialidade do ser, do saber e do poder. In: OLIVA, Anderson Ribeiro; CHAVES, Marjorie Nogueira; FILICE, Renísia Cristina Garcia; NASCIMENTO, Wanderson Flor do (Orgs). Tecendo redes antirracistas: África, Brasis e Portugal. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

SODRÉ, Muniz. Pensar Nagô. Petrópolis: Vozes, 2017.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

Téléchargements

Publiée

2025-03-01

Comment citer

FERREIRA ALVES, Adeir. Vidante: apresentação de um filosofar de candomblé. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 25, n. 1, p. 267–289, 2025. DOI: 10.31977/grirfi.v25i1.5254. Disponível em: https://www3.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/5254. Acesso em: 9 mars. 2025.

Numéro

Rubrique

Artigos