OFÍCIOS ESTATAIS E A HETEROVITIMIZAÇÃO DAS MULHERES
Palavras-chave:
Violência de gênero, Relações de poder, Polícia Civil, Boletim de Ocorrência Não Criminal.Resumo
Acostumados à ideia de serem as mulheres, a partir das construções sociais, sujeitos frágeis e de pouca ou nenhuma condição de domínio sobre suas próprias vidas, é que relações entre homens e mulheres são assentadas sob uma hierarquia em que a eles compete o recurso da autoridade indiscreta que se manifesta em todas as esferas da existência feminina. A partir disso, o que se propõe é uma discussão acerca do reforço à autoridade masculina e ao ato de violar através do direito de registro de um boletim de ocorrência não criminal elaborado na Polícia Civil aos homens que tem por finalidade coibir ou reprovar posturas “inadequadas” por parte das mulheres com as quais mantêm uma relação amorosa. Registro que, com base em teóricos como Foucault, Lauretis e Claudia Fonseca, sistematiza a construção de dois termos de uma assimétrica medida: um carrasco e um pecador.
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