Uma análise filosófica da natureza humana em Os Irmãos Karamázov
DOI :
https://doi.org/10.31977/grirfi.v25i1.5137Mots-clés :
Dostoiévski; Karamazov; Cristianismo; Paradoxo; Natureza Humana.Résumé
Fiódor Dostoiévski, proeminente romancista da literatura russa, sempre foi muito marcado pela complexidade dos termos e das formas com as quais seus enredos se desenvolviam, indicando, em boa parte deles, uma necessidade de escavação e de estruturação de uma análise das individualidades e da natureza de cada um dos seus personagens, tanto que durante muito tempo, alguns críticos o liam como um autor de filosofia, o que, todavia, não acontece. Reconhecendo as naturais diferentes que sua obra tem do texto, pretendemos, aqui, estreitar uma relação clara e direta do texto literário com o texto filosófico – indicando essa crítica à forma e o modelo filosófico -, rompendo os limites de subordinação e/ou inferioridade entre as áreas, o que possibilita uma amplo diálogo entre obras e conceitos distintos. Para isso, tomarei como ponto de partida a obra Os Irmãos Karamázov para tentar identificar um recorte paradoxalmente objetivo de uma abordagem da narrativa cristã do pecado, perpassando por conceitos como a queda, o pecado original e o pecado hereditário. A costura dessas observações se dará mediante o esforço de uma leitura que enquadra o debate sobre a natureza humana na formação e representação dos Karamazov enquanto representante do gênero humano, perpassando seus conflitos e embates oriundos da não aceitação dessa natureza, além, obviamente, da complexa relação que cada uma dos Karamazov, semelhante ao homem, desenvolve com sua situação qualitativa.
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