Combinação macabra
vale mais deixar morrer que reconhecer direitos
Resumo
No compromisso e vontade de escrever sobre esse momento atípico – a
pandemia do novo coronavírus, o COVID-19 –, a convite da Professora Regina
Marques, da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, e com o tempo se esgotando,
tentamos manter a calma e a sanidade.
Nestes tempos tão nebulosos, falar sobre saúde mental da população negra e
indígena soa-nos como um grande desafio. Escrever exige de nós um pouco de calma e
paciência também. Porém, como diz Lenine, em sua canção1
, “eu finjo ter paciência”.
Frente à dura realidade que aí está: dezenas de milhares de brasileiros mortos pelo
COVID-19, como ter paciência, se é evidente o genocídio que está em curso?
O COVID-19 (do inglês Coronavírus Disease 2019) é uma doença infecciosa
causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) e
atinge a todos, indistintamente, podendo ser letal para os mais vulneráveis. Assim, ainda
que a doença não seja seletiva, exclusiva a certas classes sociais, o seu tratamento
geralmente o é. Pois, em nível mundial, a proporção dos que vêm a óbito nas favelas e
periferias é absurdamente maior do que os óbitos ocorridos em bairros de classe média.