SOBRE A ENCRUZILHADA DO FAZER EM SAÚDE: ESTRATÉGIAS PARA A DIVULGAÇÃO E POPULARIZAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO SOBRE SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Sobre la encrucijada del quehacer en salud: estrategias para la divulgación y popularización del conocimiento científico sobre la salud de la población negra en tiempos de pandemi

Autores

Resumo

Introdução: A evidência do racismo enquanto constructo que regula as relações individuais, institucionais, políticas e econômicas convoca toda a sociedade brasileira para o seu sistemático enfrentamento. A adoção de ações antirracistas de forma estratégica se apresenta como pauta urgente. Neste sentido, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde (NEGRAS), desenvolveu, em 2019, uma pesquisa-ação cujo objetivo foi avaliar e contribuir para a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) na atenção à saúde na Bahia. Objetivo: Visibilizar e descrever os materiais de educação em saúde produzidos a partir da segunda etapa da pesquisa-ação. Metodologia: A primeira etapa do estudo foi realizada a partir de entrevistas com usuárias(os), gestoras(es) e profissionais de saúde de nível médio e superior que trabalhavam na atenção primária dos municípios de Salvador, Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas. Porém, com a pandemia da Covid-19, a segunda etapa da pesquisa precisou ser totalmente replanejada, impondo desafios para a continuidade do estudo. Entretanto, a partir do compromisso com a constituição de uma sociedade inclusiva; com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS); com a garantia da saúde como direito e da equidade como parâmetro balizador de planejamento e cuidado, o NEGRAS, baseado nas diretrizes da PNSIPN, reformulou os processos, decidiu não interromper a pesquisa e desenvolveu, para a segunda fase do estudo, diversos materiais de divulgação e popularização científica de acesso aberto fundamentados nos resultados encontrados na fase anterior. Resultados e discussões: No total, foram produzidos quatro diferentes materiais escritos e audiovisuais: um e-book, uma cartilha, uma série de videoaulas com interpretação em LIBRAS e um podcast com diversos episódios, todos produzidos em linguagem acessível e disponíveis de maneira gratuita, visando colaborar com a implementação e difusão da Política. Conclusão: A disseminação e o alcance desses produtos, após aproximadamente quatro anos das suas publicações, demonstram, não apenas o potencial da divulgação científica como ferramenta de democratização do acesso aos avanços da saúde, mas também revelam a importância das mídias digitais como estratégia de popularização do conhecimento científico sobre saúde da população negra para o fortalecimento das políticas públicas e do controle social, mesmo em contextos de crise sanitária, política e econômica.

Palavras-chave: Saúde da População Negra. Políticas Públicas. Racismo. Iniquidades em Saúde.

 

Abstract

Introducción: La evidencia del racismo como constructo que regula las relaciones individuales, institucionales, políticas y económicas interpela a toda la sociedad brasileña a enfrentarlo sistemáticamente. La adopción de acciones antirracistas de forma estratégica es una cuestión urgente. Con esto en mente, en 2019 el Centro de Estudios e Investigaciones sobre Género, Raza y Salud (NEGRAS) desarrolló un proyecto de investigación-acción con el objetivo de evaluar y contribuir a la implementación de la Política Nacional de Salud Integral para la Población Negra (PNSIPN) en la atención de salud en Bahía. Objetivo: Visualizar y describir los materiales de educación para la salud producidos a partir de la segunda etapa de la investigación-acción. Metodología: La primera etapa del estudio se basó en entrevistas con usuarios, gestores y profesionales de salud de nivel medio y superior que actúan en la atención primaria en los municipios de Salvador, Santo Antônio de Jesus y Cruz das Almas. Sin embargo, con la pandemia del Covid-19, la segunda etapa de la investigación tuvo que ser completamente rediseñada, imponiendo desafíos para la continuidad del estudio. Sin embargo, a partir de su compromiso con la construcción de una sociedad inclusiva; con el fortalecimiento del Sistema Único de Salud (SUS); con la garantía de la salud como derecho y de la equidad como parámetro orientador de la planificación y de la atención, NEGRAS, basándose en las directrices del PNSIPN, reformuló los procesos, decidió no interrumpir la investigación y desarrolló, para la segunda fase del estudio, diversos materiales de divulgación y difusión científica de acceso abierto basados en los resultados encontrados en la fase anterior. Resultados y discusiones: En total, se produjeron cuatro materiales escritos y audiovisuales diferentes: un libro electrónico, un folleto, una serie de lecciones en vídeo con interpretación en LIBRAS y un podcast con varios episodios, todos producidos en lenguaje accesible y disponibles gratuitamente, con el objetivo de colaborar con la implementación y difusión de la Política. Conclusión: La difusión y el alcance de estos productos, aproximadamente cuatro años después de su publicación, demuestran no sólo el potencial de la divulgación científica como herramienta para democratizar el acceso a los avances en salud, sino también la importancia de los medios digitales como estrategia de divulgación del conocimiento científico sobre la salud de la población negra para fortalecer las políticas públicas y el control social, incluso en contextos de crisis sanitaria, política y económica.

Palabras clave: Salud de la Población Negra. Políticas Públicas. Racismo. Inequidades en salud.

 

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Biografia do Autor

Liliane de Jesus Bittencourt, Universidade Federal da Bahia

Professora Adjunta da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da UFBA. Mestra em Saúde Materno Infantil pelo Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP). Vice-coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde (NEGRAS) em Salvador (BA).

Giovanna De Carli Lopes, Universidade Federal da Bahia

Doutoranda do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (PÓS-AFRO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Graduada em Enfermagem pela UFCSPA; Mestra em Enfermagem pela UFRGS; Especialista em Educação Permanente em Saúde pela UFRGS. Pesquisadora no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde (NEGRAS).

Aniele Almeida Silva Berenguer , Universidade Federal da Bahia

Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membra do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde (NEGRAS).

Karine de Souza Oliveira Santana , Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

Doutora em Medicina e saúde pela FAMEB/UFBA; Sanitarista; Pesquisadora no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça e Saúde (NEGRAS); Docente na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

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Publicado

2024-12-29